De acordo com a 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Transtorno do Déficit de Atenção pode ser classificado em tipos nos quais a desatenção ou o comportamento hiperativo-impulsivo são predominantes ou, ainda, em que estas características aparecem de uma forma combinada. Assim, pode ser denominado TDA ou TDAH, sendo que o componente de desatenção é mais presente nas meninas e o de hiperatividade é mais presente nos meninos.
Trata-se de um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que é detectado na primeira infância e acompanha o indivíduo por toda a sua vida. A estimativa é que entre 60% e 70% das crianças diagnosticadas com TDAH continuam a apresentar os mesmos sintomas durante a adolescência e na vida adulta.
Além das dificuldades que o próprio transtorno traz, pessoas com TDAH ainda enfrentam outro desafio: o lugar complexo em que o transtorno se encontra em relação à sua classificação. A Política Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência define deficiência como: “Toda perda ou anomalia de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano”.
Por não conseguirem desenvolver determinadas habilidades, pessoas com TDAH têm mais dificuldade para realizar determinadas tarefas, mas isso não faz com que o transtorno seja classificado como uma deficiência. Contudo, como não há lei específica para transtornos como esse, muitas vezes pessoas com TDAH apoiam-se no Estatuto das Pessoas com Deficiência quando precisam acionar direitos que contemplem suas especificidades.
Isso faz com que, muitas vezes, pessoas com TDAH sintam-se em um “limbo” entre o mundo neurotípico e neuro atípico, apresentando dificuldades de desenvolvimento ao mesmo tempo em que encontram barreiras para se valer das leis de inclusão.
“Não existe uma legislação que reconheça pessoas adultas com TDAH. Isso significa que praticamente não existem políticas públicas pensadas para a nossa assistência”, explica Francine Tuczynski, designer aqui da Inclusão Eficiente, que compartilhou em vídeo um pouco sobre como é sua vida enquanto pessoa que vive com o transtorno.
Barreiras no dia a dia
No ambiente escolar, as dificuldades também se acentuam. Embora algumas escolas busquem oferecer condições mais adequadas de ensino a pessoas com TDAH, ainda não há nenhuma obrigatoriedade legal para que essas pessoas sejam atendidas de acordo com suas necessidades específicas de aprendizagem. Algumas pesquisas apontam, inclusive, que o transtorno é uma das grandes causas de evasão escolar.
“A gente ainda tem muitos relatos de escolas que se recusam a matricular crianças com TDAH”, explica Francine, ressaltando que trata-se de uma forma de privação do acesso à educação para um grupo específico.
No mundo do trabalho também são muitas as barreiras a serem enfrentadas por pessoas com TDAH. Desde a falta de cotas, até o despreparo e falta de adequação das empresas, sobre as quais também não há nenhuma legislação em relação ao transtorno, o que dificulta o desenvolvimento profissional de pessoas com TDAH.
No âmbito da saúde, os desafios são ainda maiores: falta de profissionais capacitados, ausência de políticas de saúde pública específicas e até mesmo do fornecimento obrigatório de medicamentos por parte do governo.
“Eu tenho uma dificuldade imensa de encontrar profissionais que se dedicam a estudar TDAH, fazem uma especialização nisso e que realmente consigam acompanhar o meu quadro e me guiar nessa jornada tão específica”, relata Francine. Ela reforça a necessidade da capacitação dos profissionais para que possam entender a realidade das pessoas com o transtorno.
Capacite-se para atender crianças e adolescentes com TDAH
Todos esses impactos relacionados à vida familiar, escolar e profissional, somados à ausência de políticas públicas e falta de profissionais especializados nos motivou a criar a Formação em Intervenção Clínica e Educacional em crianças e adolescentes com TDAH, que terá início em fevereiro de 2023 e já está com inscrições abertas.
Com aulas ao vivo, com tempo exclusivo para interação entre professores e alunos, a formação contará com 11 módulos com discussão de casos baseados em práticas e vivências dos professores, além de material de apoio em e certificação pelo Instituto Inclusão Eficiente.
O curso é aberto a Médicos, Fisioterapeutas, Psicólogos, Terapeutas Ocupacionais, Fonoaudiólogos, Profissionais de Educação Física, Psicopedagogos, Pedagogos, Professores e alunos do último ano destas profissões.
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