Os Transtornos do neurodesenvolvimento são um grupo de condições que aparecem durante os primeiros períodos de desenvolvimento da criança e podem incluir diversas consequências, desde limitações específicas de aprendizado e controle executivo, até na inteligência e nas habilidades sociais. De acordo com o American Psychiatric Association - Associação Americana de Psiquiatria, em inglês - esses transtornos surgem, com frequência, antes do período escolar da criança e, têm como características, prejuízos diversos que alcançam as esferas ocupacionais, pessoais, acadêmicas e sociais.
TEA: Transtorno de Espectro Autista
O TEA se encaixa nesses transtornos e, segundo o DSM 5, é caracterizado por sinais e sintomas relacionados com dificuldade na interação e comunicação social e presença de padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades.
Ainda sim, é possível garantir um pleno desenvolvimento para as crianças e suas famílias com um diagnóstico precoce utilizando instrumentos válidos e fidedignos. Sabe-se, atualmente, que há sinais de risco identificáveis no primeiro e segundo anos de vida e que o diagnóstico deve ser feito por equipes multidisciplinares e/ou por profissionais experientes até os 36 meses de idade da criança. No entanto, no Brasil e em muitos países do mundo, muitas crianças não recebem um diagnóstico até o início da adolescência e esse atraso significa que crianças com TEA podem não obter a ajuda de que precisam para o seu desenvolvimento.
O OERA
Um ótimo exemplo de um instrumento diagnóstico eficiente é o instrumento Observação Estruturada para Rastreamento de Autismo (OERA), que pode ser aplicado em 15 minutos, por profissionais não especializados em autismo e tem baixo custo. É uma ferramenta que pode ser utilizada em diferentes ambientes, inclusive na atenção primária.
Desenvolvido no Brasil, o OERA é um instrumento aplicado por meio da observação direta do indivíduo. O avaliador utiliza uma caixa lúdica para jogar com a criança. Com o uso do OERA, podemos diferenciar se uma criança tem risco de autismo, de outras síndromes e também possibilita o seguimento dos casos no decorrer do tempo.
Além disso, é um instrumento importante para discriminar atrasos do desenvolvimento e TEA, pois consegue medir marcadores comportamentais de crianças de 3 a 10 anos de idade. Pode, também, ser utilizado por profissionais da saúde já com experiência em desenvolvimento infantil.
A importância do profissional habilitado
Atrasos no comportamento adaptativo impactam negativamente não só no curso e prognóstico (resultados funcionais) de crianças com TEA, mas também em outras crianças que têm outras dificuldades no neurodesenvolvimento. Isto torna ainda mais importante as intervenções específicas e precoces, pois podem alterar a evolução natural do transtorno, já que essas habilidades podem ser ensinadas.
Segundo Vanessa Madaschi, no artigo Transdisciplinaridade e Interdisciplinaridade na Educação (2020), para a avaliação e intervenção precoce de tais transtornos com excelência, é fundamental que profissionais sejam capacitados para identificar possíveis sinais de dificuldades no desenvolvimento, seja através da escuta familiar, seja através da avaliação direta da criança para que se possa conhecer as competências da criança e o suporte necessário com suas especificidades. O uso de medidas de avaliação ajudam os profissionais e a família a direcionar melhores caminhos, com o objetivo de garantir o máximo desenvolvimento de uma criança em todos seus contextos de vida, assegurando sua total participação na família, no contexto escolar e na comunidade.
Desse modo, entende-se que a habilitação e treinamento dos profissionais é imprescindível; pois a partir da identificação de risco para alterações do desenvolvimento e da realização do diagnóstico correto, pode-se realizar intervenções no tempo certo e nas melhores janelas de oportunidades do desenvolvimento de uma pessoa, que é a primeira infância.
Pensando na capacitação de profissionais da área da saúde e educação, para que suas abordagens e técnicas sejam ainda mais eficazes e eficientes nas avaliações, intervenções e segmento de pessoas e suas famílias, nos contextos naturais de vida, os cursos da Inclusão Eficiente são voltados para as áreas de inclusão, educação e reabilitação de pessoas com dificuldades e deficiências. Assim, levamos o conhecimento onde ele de fato precisa chegar: aos profissionais e familiares, que são agentes diários de transformação e, que através das mudanças de paradigmas e suporte oferecido, poderão ampliar a participação social de todos.
Lembrem-se que os conceitos de papéis ocupacionais, participação e inclusão caminham sempre juntos!
A Inclusão Eficiente oferece cursos para especialização no OERA e outros instrumentos de rastreio e diagnósticos bem como cursos de intervenção para o autismo e outros transtornos do neurodesenvolvimento. Saiba mais sobre nossos serviços aqui.