Embora muito se tenha avançado nas últimas décadas em pesquisas sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), ainda há uma grande lacuna na literatura científica sobre a incidência, prevalência e especificidades do transtorno em pessoas adultas e idosas. A falta de estudos na área torna ainda mais difícil que pessoas adultas com TEA tenham acesso ao diagnóstico e aos tratamentos adequados.
Em muitos casos o diagnóstico em pessoas adultas ocorre após ao de um filho, ao serem reconhecidos padrões de desenvolvimento e sintomas do transtorno na própria trajetória dessas pessoas. Outro grupo crescente de diagnóstico tardio são adultos que receberam diagnósticos de comorbidades, como dificuldades sociais ou médicas.
Um dos fatores que dificulta o diagnóstico do TEA na vida adulta está relacionado ao histórico do desenvolvimento e os padrões de sintomas iniciais que não podem ser avaliados com precisão. Isso devido à falta de medidas de avaliação e profissionais capacitados, bem como de registros do desenvolvimento infantil e até mesmo pela indisponibilidade de um informante familiar, como é comum no diagnóstico de crianças.
Outra barreira frequentemente encontrada é que os sintomas do transtorno nunca foram tratados nessas pessoas, acarretando em dificuldades de comunicação social e funcionamento cognitivo que tornam o processo de diagnóstico ainda mais difícil.
Todas essas questões ocasionadas pelo diagnóstico tardio acabam interferindo em vários contextos da vida da pessoa com TEA, como, por exemplo, no âmbito escolar. Conforme explica a doutora em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, Ana Paula Ciantelli, pessoas com TEA possuem seu próprio tempo, ritmo e forma para aprender e desenvolver suas potencialidades. Portanto, podem apresentar necessidades educacionais específicas que devem ser garantidas para uma aprendizagem mais efetiva e melhor desenvolvimento humano.
“Imagine então, se o diagnóstico de TEA for tardio e as suas necessidades educacionais não forem atendidas? Será que esses sujeitos não terão mais dificuldades para aprender, para socializar, para se comportar, para serem compreendidos, para terem seus direitos garantidos, para receberem suportes e/ou serviços pedagógicos específicos e conseguirem seguir com seus estudos até etapas mais avançadas, como o Ensino Superior?”, questiona Ciantelli, que também é professora da Formação em “Transtorno do Espectro Autista: Adolescência e vida adulta” da Inclusão Eficiente.
Avançamos pouco tanto em relação ao diagnóstico, quanto às intervenções para pessoas adultas com TEA em função das especificidades encontradas. Podemos incluir nisso questões medicamentosas, de interação social, funcionalidade e comunicação envolvendo contextos sociais amplos. Não há estimativas de longevidade, qualidade de vida e níveis de suporte em adultos TEA. As necessidades de cuidado desse grupo são desconhecidas e os modelos de atenção específicos para essa população ainda precisam ser melhor compreendidos e testados.
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