Em época de Olimpíadas e Paralimpíadas, costumamos ficar muito antenados nas modalidades, nos atletas e nas reportagens especiais da TV sobre o país sede. Como, nesse ano, os Jogos estão sendo realizados no Japão, quem está acompanhando assiduamente as modalidades em que o Brasil compete, já não dorme direito há alguns dias e está tendo que regular o sono para acompanhar a cobertura do outro lado do mundo.
Agora, você já parou para pensar em como os atletas se classificam para as Olimpíadas? Bom, basicamente, cada esporte tem sua especificidade nas competições pré-olímpicas, mas cada país participante tem sua cota dentro dos 1900 atletas esperados para os Jogos. Na modalidade do esporte que pratica, o atleta precisa ter um título mundial. Se não há competição para mundiais, então, deve-se ter um título referente ao continente e, se não há essa competição, o atleta deve ter um nacional.
Mas, você sabia que ainda existe mais um tipo de classificação para os atletas paralímpicos? Sim, se chama classificação funcional. O processo de classificação atesta que a deficiência ou comprometimento do atleta é relevante em seu desempenho esportivo, para que compita em igualdade de condições com outros atletas.
Segundo o site paratleta.com.br, a classificação funcional tem dois objetivos principais: definir as elegibilidades de um atleta e agrupar atletas igualmente a fim de competir entre si. Para ser elegível para competir, o atleta deve ter uma deficiência que seja permanente e tenha uma limitação funcional visível e com impacto em seu desempenho no esporte. Se um atleta tem uma limitação, que não seja permanente, ou não o impeça de competir com atletas sem deficiência, então este atleta é considerado inelegível. E, ser inelegível, não significa que o atleta não tenha uma deficiência, significa que a deficiência específica não se enquadra na modalidade.
As deficiências elegíveis para os Jogos Paralímpicos
O Comitê Paralímpico Internacional estabeleceu uma uma lista de 10 deficiências consideradas elegíveis, como parte do movimento paralímpico:
- Força muscular limitada (lesado medular, distrofias musculares, lesão de plexo braquial, espinha bífida)
- Deficiência em membro(s) (exemplos: amputações, dismelia, malformação de membros)
- Diferença no comprimento de pernas
- Baixa Estatura (disfunção de hormônio de crescimento, acondroplasia)
- Hipertonia (paralisia cerebral, AVC, traumatismo craniano)
- Ataxia (paralisia cerebral, AVC, traumatismo craniano, esclerose múltipla)
- Atetose (paralisia cerebral, AVC, traumatismo craniano)
- Limitação de amplitude de movimento passivo (artrogripose, artrite reumatóide, trauma que afetou articulação)
- Deficiência intelectual (a deficiência deve se apresentar antes dos 18 anos de idade)
- Deficiência visual (retinite pigmentosa, retinopatia diabética)
Os Sistemas de Classificação Funcional
Cada modalidade esportiva paralímpica possui seus critérios e métodos de avaliação específicos. Cada Federação Internacional (FI) cria suas próprias normas para sua modalidade e também são responsáveis por analisar se as mesmas estão sendo cumpridas.
As FIs decidem qual(is) deficiência(s) seu esporte vai atender. Algumas modalidades paralímpicas foram feitas para somente um tipo de deficiência, como o Goalball e o Futebol de 5, que só estão abertos a atletas com deficiência visual. Outros esportes, como atletismo e natação, estão abertos a todos os tipos de deficiências.
As Classes Esportivas
A classe esportiva é uma categoria que agrupa atletas de acordo com o impacto da deficiência no desempenho esportivo. Portanto, em uma mesma classe funcional, podem ter atletas com diferentes tipos de deficiências, mas que não afetam o desempenho esportivo. Por exemplo, um biamputado acima do joelho e um paraplégico podem competir em uma mesma classe, como os 1500m em cadeira de rodas no atletismo, pois suas deficiências, mesmo que diferentes, não fazem diferença na prova.
Em esportes individuais, atletas competem entre si de uma mesma classe, para que o impacto de suas deficiências seja minimizado, e que o desempenho esportivo seja o principal fator de vantagem entre os atletas.
Em modalidades coletivas, os atletas são classificados por pontos, sendo que, quanto menor for a pontuação, maior o grau de limitação do atleta. Assim, cada equipe tem um limite de pontos que pode ter na área de jogo, para garantir o equilíbrio entre as equipes.
Como fazer para ter uma Classe?
Uma classe é alocada para um atleta por meio de uma avaliação de um classificador. Cada Federação Internacional do esporte em questão, treina e certifica seus classificadores para conduzirem a classificação em suas modalidades.
Classificadores para atletas com deficiências físicas são divididos em classificadores clínicos, que possuem uma graduação na área de saúde, como médicos ou fisioterapeutas; ou classificadores técnicos, como profissionais de educação física ou graduados em esporte. Atletas com deficiência visual são classificados por oftalmologistas e optometristas. Psicólogos e técnicos esportivos estão diretamente envolvidos com a classificação funcional de atletas com deficiência intelectual. Lembrando que cada classificador segue a regulamentação de cada FI.
A delegação brasileira será composta por 260 atletas (incluindo atletas sem deficiência como guias, calheiros, goleiros e timoneiros), sendo 164 homens e 96 mulheres, além de comissão técnica, médica e administrativa, um total de 434 pessoas.
Você acompanhou as Paralímpiada de Tóquio de 2020? Nós não vemos a hora da próxima!
Fontes: paraatleta.com.br; Comitê Paralímpico Brasileiro.
Inclusão Eficiente
